Corujinha-do-sul, em São Francisco de Paula, RS
Busca da corujinha-do-sul na Flona de São Francisco de Paula – RS
A solicitação por email de um ornitologista, Dr. Christian Artuso, ecologista e fotógrafo canadense, que trabalha para a Bird Studies Canada, nos levou a uma saída rápida em São Francisco de Paula.
Nos registros do Dr. Christian se encontram somente aves em seu ambiente natural e não domesticadas. Ele defendeu tese de PhD em Ecologia da Eastern Screech-Owl, na Universidade de Winnipeg, Manitoba no Canadá.
Em seus sites, ele relata que já avistou 4537 espécies até 28/05/2015, sendo que destas, ele tem fotos de 3.144 espécies até esta data.
Aproveitando uma visita que ele realizou ao IX Encuentro de Ganaderos de Pastizales Naturales, nos dias 6 e 7 de novembro de 2015, em Santana do Livramento, representando o governo do Canadá, marcamos um encontro. Esta associação promove a criação de gado somente com pasto natural, e tem grande aceitação dos seus produtos na Europa.
Nos contatos iniciais, ele manifestou o interesse específico em uma única espécie, a Megascops Sanctaecatarinae, conhecida como Corujinha-do-sul. Esta espécie, endêmica dos três estados do sul do Brasil, tem uma área restrita de ocorrência, sendo que aqui no RS, praticamente só na metade norte do estado.
Por sugestão e recomendação do biólogo Glayson A. Bencke, do Museu de Ciências Naturais do RS, o local escolhido para a busca, foi a Flona, em São Francisco de Paula, RS.
Após retornar à Porto Alegre, ele se dirigiu para Gramado no RS, onde eu estava, e o recebi e levei até a Flona, na manhã do dia 08 de novembro. Chegando na Flona, imediatamente iniciamos os registros de diversas espécies, e fizemos a trilha das araucárias centenárias durante a tarde. No final da tarde, percorremos ainda a região perto dos chalés, onde tínhamos registro da vocalização da espécie desejada, fazendo um reconhecimento do terreno. Neste passeio, ouvimos em determinado momento a coruja procurada, entretanto não obtivemos resposta e não conseguimos localizar o local de onde partira a vocalização.
Realizamos então uma pequena refeição, enquanto anoitecia na região. Após as 20h, saímos então em busca da espécie procurada.
Após caminhar uns 10 minutos, utilizamos um playback da espécie, que foi imediatamente respondido por um indivíduo. Bem perto de nós, encontraríamos não somente uma coruja, mas um casal e um filhote que ainda pareceu não ter penas suficientes para voar.
Enquanto eu iluminei a cena com a lanterna, o Dr. Christian realizou diversos registros dos três indivíduos em separado. Foi um momento de muita emoção, tanto pelo encontro de uma família inteira, como pela rapidez como este encontro sucedeu. Sempre com muito cuidado para não estressar a família, realizadas os registros, abandonamos o local para deixar as corujas no seu habitat.
Cumprida a missão, ele ainda percorreu várias trilhas durante a noite a na manhã de segunda-feira, antes de tomarmos o rumo de retorno para Porto Alegre.
Apesar de o objetivo ser somente uma espécie, eu havia pretendido algumas espécies que de antemão eu já sabia serem de fácil avistagem na Flona. Destas, somente não consegui o caboclinho-de-barriga-preta, que apesar de ser conhecido na estrada de acesso à Flona, não foi encontrado. Registramos também muitas arapongas, que foram ouvidas ao longo da trilha das araucárias, porém em nenhum momento conseguimos avistá-las.
Além do objetivo da visita, ainda levou várias outras fotos de espécies endêmicas e aves de nosso Rio Grande.
http://artusobirds.blogspot.ca/2015/11/brazilian-nighlife-owls-of-southern.html
http://www.alianzadelpastizal.org/noticia/ix-encuentro-de-ganaderos-de-pastizales-naturales/